Hoje, no dia em que se celebra o amor (se é que há um dia
certo para o celebrar), captei esta foto dos meus pais, o maior exemplo de amor
e dedicação que tenho e que me faz crer que ainda há coisas, e pessoas, por
quem vale a pena esperar.
Na altura em que se apaixonaram, há 47 anos, trocavam-se
cartas de amor, já que não havia chats nem teclados emoji para trocar corações
que se expandem e multiplicam por todo o ecrã. Deixava-se uma mensagem no pára-brisas
do carro ou debaixo da porta, não se trocavam mensagens por facebook nem pelo
whatsapp, como dita o facilitismo da geração em que vivemos. Namorava-se à
janela e percorria-se as ruas de mãos dadas até que alguém tivesse a ousadia de
dar o primeiro beijo, não se conheciam as cores dos lençóis de cada um num
primeiro encontro.
Havia tempo nesses instantes. O amor dava trabalho e por
isso mesmo é que era amor.
Hoje em dia franzem o sobrolho um para o outro quando um
quer ver a bola e outro quer ver a novela, quando um prefere arroz com frango e
outro prefere frango com massa, ou simplesmente quando a idade da reforma pede
uma pitadinha de impugnação para apimentar os dias mais enfadonhos. De jovens
adolescentes cheios de pinta a adultos teimosos de cabelos grisalhos,
licenciados em cumplicidade, respeito mútuo e medicamentos para o reumático, são
a prova real de que ainda há amores que valem a pena.
Nasci numa geração bem diferente da dos meus pais e
(in)felizmente a minha visão
sobre o amor nunca se modernizou. Ainda sou adepta do
entrelaçar das mãos, do abraço apertado que rouba o ar e do discurso
desajeitado de quem tenta conter as borboletas na barriga. Não aprendi a ser
deste tempo, de interesses fugazes e superficiais, de amores assim-assim, de
pessoas que se habituaram a dar apenas a última fatia do bolo por terem dado as
primeiras a quem deixou de gostar de açúcar.
Recuso-me a fazer refresh para esta nova versão do amor - que
sabe a tão poucochinho-, tendo a certeza absoluta que o melhor que levamos da
vida são as mãos dadas e todos os “para sempre” que nos predispomos a viver,
durem eles uma vida inteira, anos, semanas ou pequenos instantes.
Happy Valentine’s Day! <3
Daniela Sousa
Daniela Sousa
Adoro este texto!
ResponderEliminar;) Continua a seguir-nos! Beijinho *
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