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sexta-feira, 23 de maio de 2014

Fruto do furto



"Podes roubar-me os saltos,
A cor do cabelo,
O eyeliner tremido
 E a ironia.
Podes roubar-me as piadas neuróticas
 E o narcisismo.
Podes roubar-me os grandes escritores europeus
E as músicas tristes.
Podes roubar-me os cadernos com as frases preferidas
Podes roubar-me o gosto pelo absinto
E pela noz no gelado.
Podes roubar-me as luzes da festa
E as alergias da primavera.
Podes roubar-me os sigilos
 E a afeição pelos amigos
Podes roubar-me os namorados,
 E com sorte, os pretendentes
Podes roubar-me os prazeres
Podes  viver os meus tormentos.
Podes mesmo,
Defraudar os meus sonhos.  
Podes roubar-me o carinho pelas cidades
E a fantasia pelos grandes cargos
Podes roubar-me a timidez
 E o retiro consentido.
Podes roubar-me o sorriso
E filiar-te  no meu partido.


Podes extorquir ao máximo,
Tudo aquilo que vês em mim.
Podes subtrair tudo.
Mas nunca,
Nem por um suspiro de segundo,
Te aproximarás do que eu sou.


Porque o que se sente,
Não se aprende,
 Não se ensina,
Não se imita
E não se rouba."




Lili.