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quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Mudar ≠ Morrer



Dentro das coisas que mais me irritam no mundo, e convenhamos, a lista não é pequena, está a falsa perspicácia das pessoas que na hora da discussão atiram com o seguinte cliché : “Pensei que te conhecia, afinal estava enganada(o).” Querida/querido senhora/senhor que utilizam frequentemente este argumento. Sim, vivem enganadinhos de todo! Mas nem é pela força do pseudo argumento, muito menos pela sua veracidade. Na realidade, conhecem muito bem, ou não querendo exagerar, pelo menos um pouco, da pessoa com quem a discussão ocorreu. O que a vossa cabecinha não vislumbra ( peço desde já desculpa a todos os leitores enganadinhos) é que conheceram a pessoa num dado momento, numa determinada condição e situação. Eu não sei se fui só eu a reparar, mas em apenas um ano existem quatro estações. Curiosamente muito diferentes. Ora, se a própria natureza se transforma, nós, ditos seres de uma “inteligência superior” (realmente só em alguns casos), não teremos também o direito e o dever de sofrer uma transformação de vez em quando?
Já nem digo às segundas, que é um dia universalmente penoso. Mas caramba! Sobram seis dias. Parece-me que são dias suficientes! Mas não, aos dogmáticos com que de vez em quando me cruzo,a ocorrência de uma evolução  é contraditória. Ai de quem diga que mudou, credo! O que escapa a estas pessoas, é que mudar não significa inevitavelmente perder. Significa também modificar, converter, transformar. “Mas ele sempre foi benfiquista e agora diz-se sportinguista!” Epá, deixem que cada um cuide da sua liberdade individual e faça o que quiser com ela. Não consigo perceber a indignação alheia, quando as ditas ‘mudanças’ nem sequer interferem na sua própria liberdade. E se ‘a tal’ mudança fosse para o FCP, ainda conseguiria perceber minimamente a indignação, agora sendo assim..
Não entendo.
Nascemos livros brancos que, depois de rabiscos, desenhos, letra à mão, letra à máquina, poesia e prosa, continuamos a aprender a cada dia que nasce. Ora, se a aprendizagem não provocasse mudança, era simplesmente inútil. Assim, parece-me lógico e coerente, que sejamos diferentes pessoas ao longo do nosso percurso e nos diferentes campos da nossa vida. Eu não sou a mesma pessoa que há 3 anos atrás, nem à 5, nem à 10. Logo a minha perspectiva em relação à educação,à cultura, à politica, à família, às relações, e à sociedade em geral, certamente não irá ser a mesma. E quem diz um ano, diz uma semana. Acredito piedosamente, que o paladar da existência é exactamente este: a possibilidade de nos encontrarmos no cúmulo de pensamento díspares, de compilarmos acções contraditórias, de sermos sempre a mesma pessoa, e no entanto, viverem tantos seres antagónicos dentro de nós.
Posto isto, por favor, para o bem das relações com os outros, para o bem do meu temperamento, ao discutirem, pensem antes de falar.
Conheceram a pessoa e ela mudou entretanto Get over it! Com certeza (espero eu) vocês também evoluíram. A introspecção não enjoa, nem nunca é demais e a pequena 'diferença' do outro que tao arrogantemente vos incomoda, pode ser, quem sabe, a base de uma nova felicidade. Aceitem a novidade nos outros. E mesmo que não convenha ao vosso egoísmo, esforcem-se para a compreenderem.



E nunca, nunca, nunca, finjam ser algo que não são (ou que já não são) para fazer alguém feliz.
Beijinho,

Lili.

1 comentário:

  1. Mudar e evoluir são coisas diferentes. Evoluir pressupõe uma mudança para melhor, se bem que é difícil alguém definir o que é melhorar ou piorar. Esta evolução só existe realmente quando te dás conta dela e isso pode acontecer em curtos períodos de tempo: dias, semanas, meses. Uma mudança radical de atitude, antagónica pode pressupor indefinição de carácter ou personalidade dissimulada, falsa. Todos nós somos constantemente assaltados com epifanias e sentimos que o nosso Eu de hoje é melhor que o de ontem, o da semana passada, do mês passado. A vida encarrega-se sempre de nos mostrar que há sempre forma de evoluir. Por isso, para os perfeccionistas como eu, viver num constante estado de inconformação é um peso duro de lidar por vezes. Queres ser melhor cada dia que passa, em todos os sentidos. Buscar a perfeição. Mesmo sendo a perfeição inalcançável, ajuda-te a seres um ser humano melhor e a valorizares-te. Em tempos fazia-o para agradar a outros, embora tenha acabado por aprender que devia fazê-lo por mim. Em relação ao exemplo que dás, a evolução natural é deixar de ser lagarto para se ser Benfiquista. Ao contrário não existe. É a tal regressão humana.

    Cumprimentos blogueira

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