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terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Ainda é cedo.


Hoje disse-lhe que ainda é cedo. Que ainda há tempo para tudo, menos para nos sentarmos do lado cinzento da vida, de braços cruzados e sobrolho franzido, à espera do tal dia, da tal hora, da tal pessoa, do tal ponto de viragem. Que há capítulos que acabam mas o livro da vida ainda agora começou. Que temos o resto da vida para termos o que ambicionamos hoje, mas o que temos hoje não teremos o resto da vida. Ainda temos sangue fresco a correr-nos pelas veias, juventude a exalar pelos poros e uma alma pintada de todas as cores. Ainda temos o bolso cheio de devaneios e aventuras, utopias e fantasias, e uma ilusão saudável de que não existem esperanças quiméricas capazes de cortar a ambição que nos move. Ainda temos o melhor do mundo. Temos os raspanetes da mãe e o colo indelével e soberano do pai, que vão ser, decerto, as nossas saudades favoritas quando já não tivermos o melhor do mundo à distância de um regaço, para nos elevar as marés altas dos sonhos.
Disse-lhe que vão haver dias em que o otimismo se esvai, as palavras bonitas vão ser só isso mesmo e vamos mandar tudo para a Excelentíssima Senhora da Asneira. E está tudo bem com isso.
É tempo de correr o mundo de mochila às costas, pés na terra molhada e cabelos ao vento enquanto a vida é leve e doce. Enquanto temos tudo e não sabemos.
E quando alguém perguntar se não é demasiado louca a forma como vivemos a vida, que a nossa resposta seja sempre “Tomara que sim”.

Daniela Sousa


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